quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Subexistência
Os passos dele, sorrateiros, rangeram as tábuas do assoalho.
Enfim veio, depois de longos e silentes dias.
Talvez houvesse esperança, ela para si dizia.
A chave retrai a tranca, a porta se abre em ruído.
Deitada nua, um sono fingido, para ser despertada a beijos.
Brincadeira de amantes, que tanto prazer lhes dera.
Mas já não havia beijos... Nem carícias, nem carinho.
Tomou-a porque ainda era sua, para usar como quisesse
E, saciado, acariciou-lhe a cabeça, como a um animal obediente.
- Você me serviu bem.
E a mulher riu de si, por ter pensado q era gente.
Já da porta lhe disse, com voz suave e fria:
– Prepare suas coisas, cedo vamos à feira.
Ela lhe procurou os olhos.
Não havia nada lá. Nada além de vazio.
Acenou com a cabeça, mas não baixou o olhar.
Ele se voltou e saiu,
E ela não permitiu mais que uma lágrima rolar.
E lá está ela na feira, de bonito vestido branco.
Rápida negociação, um novo dono.
Ele aperta suas carnes e se ri contente.
Fez excelente negócio!
Uma bela e saudável crioula,
Com um crioulinho em seu ventre.
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5 comentários:
Seria demasiado pedantismo meu se quisesse dizer algo sobre quem escreve tão bem. Uma delicada princesa que entoa mágicas palavras de sentido tão sentidas. Se pudesse apreciar os raios de sol que fulguram dessas letras...! Deixarei apenas isso! É talvez a forma de dizer que também quis sentir profundamente... tanto que queria por instantes ser essa deusa do porvir
Não sei nem o que falar... Isso tem vida própria...
Lógica interessante:
Ela era dele.
Ele não era dela,
O que era dele era mais dela do que dele,nem parece que eram dos dois.
É lei da Oferta e da demanda, até que encontre o ponto de (des)equilibrio.
Heliabe
Como sempre um tom suave onde outros entoariam lamentos e mágoas. Doce estrela, toda doce, sempre estrela.
Hummm... Lindo mesmo... e "Sub" Existência é viver assim... embaixo...
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